domingo, 30 de dezembro de 2012

Calças brancas em Janeiro...

Chegou o Inverno e com ele a eterna questão das calças brancas. Este assunto já foi super discutido em todos os cantos do mundo: uns dizem que sim; outros dizem que não; uns dizem que a moda não tem regras; outros que há regras a manter.


Em Portugal há um ditado que diz "calças brancas em Janeiro é sinal de pouco dinheiro." Eu entendo Janeiro como sinédoque de toda a estação que vai de Setembro a Março. Como já perceberam eu cá acho péssimo calças brancas durante este tempo todo. E agora os meus leitores, que apesar de serem uns queridos às vezes não me entendem, já estão a pensar "Lá está ela a ser super-tradicional e achar que não só porque não." Meus queridos leitores, Deus Nosso Senhor, que é um tio do melhor que há, deu-me inteligência q.b para pensar por mim mesma (embora, confesso, nem sempre a use). Sou contra calças brancas nesta altura por uma questão prática: tudo o que é branco suja-se imenso e quando sujo nota-se a kilómetros de distância. Esqueçam acharem que calças brancas vão ficar lindamente, porque faz aquele look gelo. Faz mais aquele look neve suja, 'tão a ver? É que meus queridos, aqui nesta Europa a norte do equador (para os que não estão a visualizar) chove p'ra lá de imenso no Inverno, fica tudo cheio de poças, lama em tudo o que é canto que esta nossa cidade de Lisboa vira um lago cada vez que chove um bocado. E o que é que vos vai acontecer? Vão chegar ao emprego ou seja lá onde for com umas calças tipo camuflado da tropa em tons castanhos em vez de umas calças brancas, giras e imaculadas.

Mas para não dizerem que sou uma preconceituosa que não 'tá escrita deixo-vos um post super interessante que encontrei sobre calças brancas (hélas! só para homens) aqui!

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Jantar dos restos

O nome é péssimo, mas garanto-vos que o evento é chiquérrimo! Todos os anos no dia 25 (às vezes 26) a minha amiga Desocupada dá um jantar de restos em sua casa. Chama-se assim porque cada pessoa leva alguns restos das megalómanas ceias de Natal com que nós e as nossas famílias nos deliciámos. Fomos quase todos: a pinky, o bratwurst, o schnoof, a chicona, a beata, o S, o G e a I, o MA e a R e até o pequeno filho do bratwurst. Só ficou a faltar o nosso amigo açoriano, ainda em terras insulares. O resultado é uma noite p'ra lá de animada, uma caturreira, e uma ementa muito mais variada do que possam imaginar: bacalhau não havia, quer porque quem o comeu comeu-o todo, quer porque nem todas as casas comem bacalhau na consoada. Mas havia um caldo verde de cair p'à banda feito pela Desocupada (e com chouriço do MA às rodelas); carnes frias (ou pelo menos carnes que já foram quentes, mas estavam frias); lasanha; e doces entre os quais um fabuloso double chocolat cheesecake feito pelo S. Eu não comi quase nada porque tive um almoço de Natal p'ra lá de bom em que fiz a fabulosa descoberta gastronómica desta quadra- sonhos de laranja e cenoura.

Estávamos todos animados, porque estamos sempre. Entre estórias engraçadas de há anos ou há meses, series deprimentes de televisão (vulgo "Novas Esperanças" ou coisa que o valha na Fox) e muitos copos de... vamos dizer sumo, mas sabendo que é mentira, trocámos os presentes.

A troca começa com o Pai Natal cabrão que é um nome super mal-educado para uma versão bem mais gira   do normal, e algo suburbano, jogo do amigo secreto. Cada um recebe um número de acordo com os presentes que há. Do primeiro ao último número escolhem-se os presentes com o catch de que as pessoas podem ou tirar um presente do monte ou roubar alguém que já tenha presente. Depois do jogo trocaram-se os presentes tradicionais. Os meus estão na foto. O ursinho da guarda imperial foi o presente que me calhou no jogo do Pai Natal... vocês sabem; os rebuçados (de que já faltam uns quantos) foram oferecidos pelo MA e pela R e são da papabubble que é uma loja de rebuçados artesanais fantástica que fica na Baixa; o garfo transformado em suporte foi presente (sempre super orginal e diferente) da Chicona; o cd foi presente da Desocupada; e o cachecol do bratwurst e do schnoof que acertaram em cheio (muito embora me tivessem prometido o calendário dos Dark Horses, ou lá como os pequenos se chamam).



Pelas onze já estava super pronta para me meter no metro e voltar para o subúrbio, mas a Desocupada, que é mesmo uma querida, ofereceu a casa para dormir lá. Dormir não dormi, porque fui sair com a beata e o S para o único sítio aberto na noite de 25. Mas disso não falo. Finalmente foi Natal!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Brunch Natalício

Como já disse antes eu adoro o Natal. E uma das coisas que mais gosto são os sucessivos almoços, lanches, jantares com amigos nestes dias que antecedem o Nascimento do Menino de Belém. Mas a nossa amiga Chicona ontem brindou-nos com uma inovação: brunch de Natal.

Recentemente mudada para o seu belíssimo apartamento das avenidas novas a Chicona chamou-nos a todos para tomarmos o brunch com ela na véspera da véspera de Natal. Estivémos lá quase todos: o bratwurts, o schnoof, a pinky, a Desocupada, o sobrinho, a I e o G e o cão M. Vieram também novos amigos: o P. com a mulher, a J. e a sua cadela amorosa  P. pequinina.

Não houve nada de diferente porque essa é a melhor parte do Natal: nunca muda, ou se muda nós fazemos de conta que está tudo na mesma! Falámos, fofocámos, rimos, enfim fomos nós mesmo que quando estamos juntos é sempre uma caturreira!


A todos vocês meus leitores que tenham sempre mesas animadas como estas não só nas férias como no resto do ano, amigos animados como os meus e um Feliz e Santo Natal!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Sweatpants are for sweatin'!

Há quem diga que quando a vida nos dá limões devemos fazer limonada. Eu cá, quando a vida me dá pérolas faço broches. E não podia desperdiçar de todo em todo esta pérola que vos deixo.

Uma vez que os suburbanos não estão sempre a presentear-me com conversas tão interessantes como a do post anterior tinha pensado em falar hoje dum problema que devasta a já de si nada óptima moda nos subúrbios: as calças de fato de treino. Há-as óptimas, com tecidos do melhor (menos aquelas de licra e seus afins), lisas ou padronadas, mas giras, mais caras ou mais baratas. Eu não tenho absolutamente nada contra calças de fato de treino. Desde que, entenda-se, elas cumpram a função para que foram feitas: para treinar. Eu mesma, para aproveitar o meu desterro suburbano, várias manhãs visto as minhas, que são em cinza e são óptimas, e faço um jogging matinal.

O problema é quando as pessoas as usam como se dumas calças normais se tratasse. Notícia de última hora: não são! Calças de fato de treino não são daywear, casualwear ou o que seja. Servem para treinar e nada mais. Nem para ir ali à mercearia, nem para passear o cão.

E pronto, isto era o que tinha para vos dizer sobre o assunto. Mas agora vem a pérola: estava eu a fazer uma rápida pesquisa de imagens para ilustrar este post e mais que uma imagem encontro todo um texto a acompanhar, de resto tão digno que eu o comentasse, e que podem encontrar aqui!


Gosto sobretudo quando este grande querido diz que esta é uma junção "mais ou menos improvável". Querido, não é, sabe? É que leather-jackets com t-shirts brancas usam-se desde que os bad-boys foram inventados nos anos 50. Depois esse look misturado com calças de fato de treino e calçado com a ditadura dos ténis brancos (outra marca suburbana) já eu o vi repetido ad nauseam por tudo o que é transporte público em direcção a quase tudo o que é subúrbio desta cidade. Agora, uma coisa lhe garanto- esse look, mais que improvável devia ser proibido porque é simplesmente mau. Uma dica- os anglófonos chamaram às calças de fato de treino sweatpants por uma razão, tá a ver?

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

The real strawberries with sugar

Por vezes a realidade é mais estranha do que a ficção e por vezes ambas misturam-se. Estava eu no outro dia no autocarro quando oiço atrás de mim uma piquena a falar altíssimo ao telemóvel. Eu aprecio esta nova geração, nada intimista e nada individualista, que adora porque adora partilhar a sua vida com toda a gente, às vezes até com banda sonora. Mas voltando ao assunto: a piquena, que não tinha mais do que 16 anos, partilhava os seus problemas esmagadores com uma amiga e a conversa (mais monólogo) foi qualquer coisa como isto:

"Epah não gozes, eu 'tou bue angustiada!É porque nós éramos bué próximos nas férias, 'tás a ver? Távamos sempre juntos, tipo eu, ele, o Ratinho, a Joana. E falávamos mesmo bué, 'tás a ver? Mas depois das aulas começarem ele ficou bué diferente e deixou de me falar. Pah, ele é bué influenciável!"

Queridos, eu juro que me belisquei para ter a certeza que não estava a sonhar ou que o autocarro não tinha mudado de rumo e eu estava nos estúdios da Contra-Campo. Mas é que era igual a uma cena dos Morangos com Açúcar, a qualidade dos diálogos (ou monólogos) e tudo. Quando me levantei para sair a piquena ainda contava as suas angústias todas. Eu esperava encontrar uma Benedita Pereira ou uma Cláudia Vieira ou mesmo uma Mariana Monteiro, mas não: era uma piquena gorda, com roupas deprimentes da Modalfa e com uma cor de cabelo que se compra no chinês e devia chamar-se palha queimada.

Não fosse eu ter mesmo que sair, que ia para a festa de Natal (de que falei aqui) sentava-me ao lado da piquena e dizia-lhe:

-Ouça querida, ele não é "bué influenciável", há é piquenas mais giras que você no liceu, 'tá a ver? Depois a menina não 'tá nada angustiada que angustiados tão os funcionários da função pública e assim, ouça. E trate de deixar de gastar o dinheiro da mesada em sundaes de chocolate, poupe um bocadinho que faz lindamente e compre uma boa tinta de cabelo e quem sabe até, sei lá, não comete uma loucura e vai mesmo a um salão de cabeleireiro pintar, que eu posso porque posso recomendar alguns. Esqueça já a Modalfa, faça um upgrade no seu closet, à laia de Margarida Rebelo Pinto, e passe a comprar na Zara. É ligeiramente mais caro, mas vai ver que compensa. E se não pode, porque não tem dinheiro ou assim, ir para um ginásio ponha-se já feito louca a subir e a descer as escadas do liceu ou do prédio e ouça, a menina ainda só tem 16 anos as aulas de Educação Física servem para imensa coisa, até para perder peso, 'tá a ver? E ouça, se esse piqueno deixou de lhe falar, mesmo que seja de cair p'à banda, esqueça-o já! Influenciável ou não ele não a merece! É que há muito mais marés que marinheiros, sei lá!.

Aposto que a piquena ficava logo óptima.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Natal e suas festas

Eu adoro o Natal. Adoro ir aos shoppings terça-feira de manhã, quando não está lá ninguém e passear pelos corredores, ver as montras e beber algo quente num dos cafés. Amo ir à Baixa ver as luzes, que para mim continua a ser uma tradição de Natal. Os casacos elegantes, os cachecóis compridos, as decorações por todo o lado. Embora esteja num estado de quase miséria depois da morte do Giorgio e do meu exílio suburbano, uma condessa é sempre uma condessa e adoro procurar presentes, ainda que piquenos, para os meus amigos mais próximos. Gosto de escolher com cuidado porque acho péssimo correr tudo a livros ou CD deprimentes. Até já montei uma piquena árvore de Natal cá em casa em tons clássicos que eu mesmo suburbana sou clássica.

Mas Natal também é dar aos outros e como eu sou uma pessoa cheia de espírito natalício lá vou eu para a minha paróquia ajudar no bar durante a festa de Natal. Para quem, como eu, cresceu no subúrbio sabe lindamente como estas festas são porque garanto-vos que à parte umas inovações tecnológicas elas continuam iguais. Isto porque as piquenas a quem as mães vestiam uns pull-overs deprimentes com ursinhos e renas e cantavam desdentadas são as mesmas que agora têm filhos na catequese ou são catequistas ou mesmo ambas as coisas. Os miúdos andam a correr dum lado para o outro que ninguém os segura porque com tanta internet, wee e playstation em casa é um ver-se-te-havias tê-los sossegados algo mais do que dez minutos. E quem anda a correr atrás deles? As catequistas e os voluntários. Os pais devem achar que aquilo é uma espécie de continuação do infantário nas férias e ficam alegremente a conversar enquanto os miúdos fazem cabriolas empoleirados num sítio qualquer. Alguns ainda soltam um "Oh Ruben pára quieto se não queres apanhar!", mas para pouco efeito. Enfim, os piquenos lá cantam, dançam e fazem disparates porque afinal o Natal é das crianças. E talvez seja por isso que do meu tempo para agora (que também não é assim tanto) esteja tudo na mesma: é que há coisas que ainda são o que eram e isso é bom.








quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Coisas de passe

Estava eu no outro dia na fila para comprar o passe quando a senhora que estava à minha frente, e que discutia com o vendedor, se sai com esta preciosidade:
"Oh meu senhor eu compreendo, eu devo ser a pessoa mais compreensível do mundo."
Fiquei cheia de dúvidas se ela tinha compreendido o que disse.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Sophia

Até no subúrbio há cultura, meus queridos. Isto sobretudo porque os programas dos liceus continuam a ser iguais pelo país todo (mesmo em Freixo de Espada à Cinta ou Santo António dos Cavaleiros) e esta grande querida continua a ser estudada por uns pequenos que sabem tudo sobre as aplicações do iphone, mas ignoram o que seja um verso branco ou uma rima interpolada.

A Tia Sophia foi uma Tia estupenda, do melhor que há. É tão chic que era neta dum conde, o conde de Mafra, foi criada no Porto de maneira super rigorosa e deu-nos a todos o querido Miguel Sousa Tavares que apesar da idade e de cultivar um ar meio burgeço tem imensa graça.


Mas mais importante que tudo isso é que a Tia Sophia escrevia lindamente. Escreveu uns poemas fantásticos que eu desde os tempos do liceu até hoje adoro passar horas a ler. Em casa, ou nos jardins da Gulbenkian em dias de sol ou mesmo no metro que é onde todos os suburbanos leem, vale sempre imenso a pena recordar as coisas tão belas que ela escreveu. No dia que completava 93 anos (6 de Novembro) fica um grande beijinho!

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Nauzinha já não é solteira

Bem, em verdade já quase não é solteira. Neste último sábado a Nauzinha teve a sua festa de despedida de solteira super bem organizada pela Desocupada (que já devem ter percebido que é óptima para organizar festas) e pelo et voilá... Começou com uma aula de burlesco a que eu não fui porque tinha outras coisas marcadas (vulgo, não tinha €) e por isso disso não falo, que não falo do que não sei, embora saiba mais do que gostaria do que passa em algumas daquelas cabeças.
Depois foi tudo para casa do et voilá... que tínhamos reunião da maleta vermelha. Foi uma caturreira! A Senhora, amorosa que era, era tudo aquilo que ninguém esperava duma senhora que ganha a vida nesta profissão. Mas em mau. Precisava urgentemente duma manicure, cabeleireiro, lipo e mesmo de comprar alguma daquela lingerie que nos mostrou a ver se troca o cuecão da avó. Ainda assim foi mesmo muito giro, rimos imenso, já não tínhamos nem braços nem pernas para tanto creme comestível (eram mesmo tantos que me enganei e lambi um que não era para lamber) e no fim era ver as meninas todas  fazer contas à vida para ver o que iam levar da maleta. A Chicona era a mais conhecedora dos produtos e já sacava de notas verdes da carteira para comprá-los. A Nauzinha teve direito a um presente para experimentar com o Nauzão.
Depois da badalhoquice toda (ou assim pensávamos nós) o schnoof, qual escrava Anastácia presa na cozinha há p'ra lá duma semana, fez comida para todo o regimento de cavalaria 5 (talvez na esperança de que por lá passassem) e certamente na esperança de nos por medonhos de gordos só para se sentir mais magro. Acabámo a noite com umas perguntas que a PF (amiga da Nauzinha) tinha feito, mas que o schnoof tratou logo de aporcalhar e subir para nível dois mesmo contra os nossos "ais" e "uis" de espanto e pudor (que de resto é tudo falso porque gostávamos todos de ter a mente dele para nestas situações fazer perguntas tão embaraçosas como as que ele faz).
No fim, e o fim já foi bem tarde, cortámos o bolo que tão alegremente ilustra este post!

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

De Férias

Tenho andado desaparecida vai para mais dum mês porque até as condessas italianas exiladas no subúrbio de Lisboa merecem férias. E vim passá-las ao Funchal para lembrar-me como é viver no centro duma cidade. Montes de praia, um sol abrasador que não se pode, passeios por sítios giríssimos e imensos almoços e jantares em família que toda a gente sabe que são do pior para a linha e a minha já está para lá de estragada.
Mas a verdade é que mesmo de férias no centro da cidade não consigo ficar longe dos suburbanos. Ou porque já nasci no subúrbio ou porque eles estão por toda a parte e estou muito mais em crer nesta última. Os suburbanos madeirenses são tão maus que ninguém lhes chama assim. Por aqui diz-se "gente do campo", até porque na grande maioria das vezes é imenso verdade. Têm um ar péssimo de quem ficou geneticamente alterado por andar há gerações na apanha da uva e da banana. Se achava que os suburbanos de Lisboa não tinham maneiras, agora acho-os um primor de educação. Aqui é ver para crer!

sexta-feira, 13 de julho de 2012

You name it, it has happened on the tube!

Já todos sabem que devido ao meu exílio suburbano tenho que me deslocar de transportes e o metro é o meu transporte de eleição para andar na cidade. Já vi as coisas mais estranhas acontecerem no metro desde os meus tempos de verdadeira suburbana, antes do Giorgio, e agora que, mesmo condessa, voltei para o subúrbio. Às vezes até sinto falta dos loucos que diziam as coisas mais caturras e hilariantes quando era ínfima e ia para o liceu. Cegos que vêem, evangelizadores de bolso, predições do fim do mundo, you name it, it has happened on the tube!
Mas Lisboa, e o seu metro, são este mar de possibilidades que jamais deixa de me surpreender. Sem contar com loucos ou pessoas curadas por milagre num segundo, todos já aproveitámos os tempos mortos do metro para as mais variadas coisas. Eu, por exemplo, que como sabem sou super católica, às vezes até rezo o terço que é sempre um exercício ascético e faz lindamente para limpar a alma e esquecer algumas pirosadas que por lá se vêem. Mas ontem, estava eu sentada no meu lugar, cheia de sono como ando sempre, a caminho da inauguração do terraço da pinky (que foi d'estalo!) e ouço um "plock" monumental a ecoar pela carruagem. A senhora à minha frente, com o máximo de descontracção, tinha acabado de descalçar os saltos altos que trazia do trabalho e tirava umas sabrinas dum saco plástico que calçou ali mesmo, qual provador de boutique suburbana. Revolucionou a minha vida naquele minuto! Quem é suburbano mas tem gosto é, como eu, adepto do day-to-night wear e entope a carteira com montes de acessórios para trocar depois. Nunca mais me enfio num qualquer toilette público para trocar de acessórios. Agora é tudo no metro. E se tiver que trocar de soutien, pois que seja!

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Marilyn

O barbeiro do meu subúrbio fez instalar na sua barbearia um poster da Marilyn Monroe. Nunca, no tempo todo que vim exilada de Itália para este fim de mundo, vi uma única mudança naquela barbearia que de tão antiga dava lindamente para ser cenário do "Conta-me como foi". 'Tou convencidíssima que isto é uma medida do Sr. P contra a crise. Primeiro, embeleza os espaço sem qualquer necessidade de chamar nem o "Querido, mudei a casa" nem o "Vizinho, mudei a loja" (embora eu confesse que adorava ter cá ou a Sofia Carvalho ou a Rita Ferro Rodrigues, ou mesmo a sorte de ser o Gustavo Santos que a barbearia é a menos dum minuto aqui de casa e era logo um convite para ele tomar chá). Depois é uma medida preventiva da crise: vai aumentar imenso a clientela porque de certeza que hão-de vir gentes doutras terras (vulgo subúrbios) para vir ver o afamado poster. Isto porque neste subúrbio é impossível aumentar mais a clientela: já tudo o que é homem vai lá. Em terceiro, acho eu, é uma medida super-preventiva contra a natalidade. 'Tá-se mesmo a ver estes homens todos doidos com o poster a ir a correr para casa fecharem-se na casa de banho e fazerem lá o que os homens fazem fechados na casa de banho com as mãos. Ficam eles felicíssimos e aliviados e ainda param de fazer bebés que o mundo hoje tá p'la hora da morta e não há maior sandice do que andar a fazer meninos. É capaz das respectivas esposas ficarem aborrecidas. Mas podem inspirar-se imenso e pedir à cabeleireira (que fica duas ruas abaixo) um visual estilo Marilyn para tirar os maridos da casa de banho e metê-los no quarto. Aí até a senhora da farmácia ficava a ganhar. E pronto- 'tão a ver como com o simples poster o Sr P dinamizou a economia local?

sábado, 7 de julho de 2012

Mãe Estremosa

Ontem foi o jantar da minha amiga Beata, recém chegada de Roma, onde consta que esteve a fazer um estágio intensivo para recuperar a virgindade. Ora a minha amiga Desocupada, que para festas está sempre pronta, lá abriu outra vez as portas de casa para mais um dos seus jantares glamorosos (sim, as pobres acabam todas com jantares oferecidos em casa da Desocupada que não, não é rica, mas adora uma celebração quase tanto como adora os amigos).
Estava eu a sair do supermercado onde tinha ido comprar umas coisinhas para levar e ouço uma senhora amorosa ao telemóvel com o filho. Fiquei com a certeza que o filho tinha problemas de audição pelo nível elevado de decibeis e que a senhora, apesar de mulata, tinha sido criada num qualquer lugarejo do norte.

"'Tou meu cabrão, tou-te a ligar desde de manhã e tu nada. Mas queres a merda do telemóvel para quê? Pode a tua mãe estar morta, ai numa merda dum canto qualquer e tu nem ligas, não é? Ai ligaste à tarde? Não atendi, pois não, que não tenho que andar de telemóvel na rua que ele pode cair e partir-se!"

Ipsis Verbis, ou quase...

Amei o carinho, o amor e sobretudo o sentido lógico desta mãe.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Primas

Todos os meus amigos sabem que entre os muitos primos que tenho as duas mais novas são aquelas com que passo mais tempo e de quem sou mais próxima. A M tem 15 anos e a J acabou de fazer 13. Estão crescidas, giras e bastante opinativas. Exemplos? Ora vejam.

J

Estávamos as duas e foi esta a conversa:
J- Uma amiga convidou-me para ir amanhã à piscina, mas ainda não tenho saco de praia. Acho que vou pedir à mana.
Eu- Mas já falou com ela? Não sei se a M empresta.
J- (com olhar e sorriso matreiros e voz de choro) "Tá, mãe, eu preciso dum saco de praia e a M não me empresta e eu acho que vou fazer uma birra". (imitando a voz da mãe) "M, vá buscar o saco de praia".
Vê, é o meu manual de sobrevivência.

M

Estávamo a sair de casa e a M aparece-me de cardigan amarelo-canário e uma carteira turquesa:
Eu- BIMBA!
M- Eu nasci na Amadora, eu posso!

sábado, 2 de junho de 2012

The Countess B-day Dinner Party

Falida como estou, desde que fui relegada para os subúrbios, é-me impossível fazer jantares de aniversário em casa. Então, a minha querida amiga Desocupada, que é mesmo querida, ofereceu-se para me oferecer o dito jantar em casa dela. Verdade que praticamente metade dos meus convidados não pôde ir, mas também é verdade que eu sou uma pessoa muito selecta. O et voilá... continua emigrado em terras francas, o schnoof também tinha abandonado o país, o GI está algures num PALOP, o FJ em santas paragens italianas (apesar de suburbana, continuo super internacional nos amigos), e a Chicona foi a uma festa na Secundária d´0, uma mistura de Prom com 20th year reunion, à laia de terem uma desculpa para se vestirem de gala. Ainda assim a festa foi bem animada. Fui a primeira a chegar (não contam as pessoas da casa) como uma boa co-anfitriã. A Desocupada estava de estalo, com um little black dress de fazer inveja (sempre a tentar roubar-me o spot-light) e tinha posto uma mesa para lá de gira com um arranjo de velas e margaridas. Estavam o PG e o sobrinho (filho da Desocupada). Chegaram a Pinky e o MA com garrafas de vinho e só depois (já estávamos à mesa) chegou a IQ que vinha de Leiria (não é preciso dizer que a Pinky e a IQ vinham giras, porque vêm sempre, porque adoro ter amigas giras). Como sempre a Desocupada cozinhou para um regimento de infantaria, não que eu me importasse que fosse um lá a casa pelos meus anos, mas éramos só 6. Para entrada: souflé de queijo, tiras de pimento e pepino com molho de iogurte e blini de camarão com creme fresco e caviar (na verdade era um sucedâneo). Para prato principal lombo de porco no forno recheado com presunto e hortelã-pimenta. A sobremesa foi bolo de chocolate com gelado de baunilha. Overall, estávamos todos animados (estamos sempre) e a noite (apesar de ter acabado cedo) foi uma caturreira!

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Feira da Ladra

Estava eu no outro dia num 38 apinhado de gente (como sabem o autocarro é o meio de locomoção dos suburbanos) e vejo dois homens (não vou ser generosa ao ponto de os chamar senhores) com uma conversa sobre negócios, t-shirts e afins. Percebi que um deles tinha um piqueno negócio de venda de t-shirts, que as deixava em quatro lojas, mas que também as vendia ele mesmo. Aliás, segundo o próprio, ganhava mais dinheiro a vender aos amigos do que a vender nas lojas donde inferi que nunca por nunca ser vou comprar-lhe uma t-shirt, mas que ele deve ter uns amigos p'ra lá de amorosos.
O meu espanto foi quando o outro homem que falava com ele lhe diz "E venderes na feira da ladra, não?". Claro que eu achei aquilo um disparate do pior- então o fazedor de t-shirts com uns amigos tão simpáticos que até compravam as criações, provavelmente deprimentes, e com quatro lojas (talvez fossem sucursais da Santa Casa da Misericórdia) que também as vendiam, iá lá por-se a vender na Feira da Ladra. Mas eis que veio a resposta que fez com que me apercebesse que não eram só os amigos que eram p'ra lá de amorosos- ele também não tinham muito jeito para o negócio. "Feira da Ladra? Isso ainda é cedo. O negócio ainda é recente, só tem dois anos. Talvez mais tarde." Atónitos? Pois, eu também fiquei. Mas feliz por ver a importância que o povo português dá ao mercado mais tradicional do comércio tradicional. Depois triste, por ter a certeza que o negócio não lhe dura mais um ano.

Piscina

Estou a arranjar-me para ir dar um mergulho matinal na piscina da mana. Sim, também há piscinas no subúrbio sem serem as piscinas municipais. Não, não passamos o dia todo no shopping quando faz sol (bem, para ser honesta, regra geral os suburbanos passam). Sim, estou imenso a tentar encher-vos de inveja. Não, este não é o post de hoje. É só uma nota à laia de teaser.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Fabergé

Há 166 anos atrás nascia Peter Carl Fabergé que foi o senhor amoroso que inventou os ovos Fabergé. Os ovos Fabergé são uns ovos imenso giros que os czares russos ofereciam à família na Páscoa à laia de ovos kinder, mas estes eram de pedras preciosas.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Música no Coração

Estava eu no outro dia a atravessar uma passadeira na Lapa (que apesar de suburbana ainda frequento as zonas melhores da cidade) quando um jipe do tamanho duma casa quase que passa por cima de mim. Ainda mal recomposta do susto que quase me tinha levado todo o sangue azul do corpo vejo a janela do condutor a abrir e lá dentro um homem medonho de gordo e careca começa uma conversa que foi mais ou menos assim:

Ele: Aqui tens que andar pianinho. (sorridente com ar de gimbrão)
Eu: Desculpe!? (com ar de espanto enquanto me perguntava se ele estava mesmo a falar para mim)
Ele: Não 'tás lembrada de mim?
Eu: Não, desculpe, mas não. (a tremer por dentro com medo que fosse um engate de quando era cabeleireira)
Ele: Atão não te lembras, da Música no Coração?
Eu: Não (ainda atónita, porém convicta)
Ele: Mas você não trabalhou na Música no Coração? (a tentar ser educado, coitado)
Eu: Ouça, se me ouvisse cantar percebia logo que era impossível eu ter trabalhado na Música no Coração.
Ele: Peço imenso desculpa. É que é igual a uma pessoa com quem trabalhei lá. (ainda com um ar sorridente e gimbrão, mas a tentar parecer espantado)

Depois lá fechou o vidro e foi-se embora. Não sei se era conversa de engate ou não, mas confirma-se: tenho perfil de vedette!

terça-feira, 15 de maio de 2012

Avô Cantigas

Este sábado fui ver o espectáculo musical com que o avô Cantigas comemora trinta anos de carreira. Com tantos anos no activo já deve chegar para bisavô Cantigas ou mesmo trisavô que neste país mães adolescentes é vê-las por tudo o que é subúrbio, sei eu que moro num.
Estão vocês a perguntar-se que raio fui lá fazer. Pois eu fiz-me a mesma pergunta vezes e vezes sem conta durante o espetáculo, mas fui para apoiar a minha BFF.
Sala cheia de mães trintonas- classe média suburbana que acha que vestir Massimo Dutti é estar arranjadinho para estas ocasiões. Imensas crianças que é uma coisa que em geral não suporto, porque só são amorosas uns segundos, às vezes nem são, e perto dos pais são do pior, p'ra lá de mal-criadas, uma canseira. Diga-se, contudo, em abono da verdade que em geral os piquenos até se portaram bem. Certamente bem melhor que as três mães histéricas (três gordas de túnica e com madeixas pirosas) que ficaram à minha frente e que devem ter gastado a fita da cassete do avô Cantigas de tanto a passar no leitor de cassetes que era assim que se fazia na Pré-História, lá quando eram umas gordas mínimas da idade que têm agora os filhos.
No final, o avô Cantigas, que escorria mais do que cachoeira em novela brasileira, dava beijinhos e acenos às crianças como se elas tivessem doenças contagiosas e não fosse ele que fosse de contacto pouco recomendável.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Rezar

Ontem esteve um dia d'ananases que é como quem diz uma torreira desgraçada. E o que é que eu fui fazer? Rezar. Rezar faz imenso bem- limpa a alma, conforta-nos, descansa-nos e nas igrejas certas é óptimo para fazer social. Eu e o Giorgio iamos a imensas diferentes quando andávamos a viajar e conheci um disparate de gente que não 'tá escrito assim. Mas voltando ao assunto- o meu amigo M-C convidou-me para fazer uma romaria e eu achei que a ideia era óptima apesar de não fazer ideia do que era uma romaria. Acordei a uma hora medonha de cedo e lá fui eu ter com ele ao terminal do Campo Grande que equivale às portas de Lisboa para quem é suburbano. Então parece que uma romaria consiste em rezar-se um terço simples a caminho duma igreja, um completo lá na igreja e outro simples no regresso. Lá fomos nós, quais dois tolos, a pé do Campo Grande à Igreja de Nossa Senhora de Fátima na Avenida de Berna. O que vale é que a igreja é do Almada Negreiros que era um querido e fez coisas giríssimas como esta igreja, os murais da Cidade Universitária e o retrato do Pessoa que ele trabalhava imenso. Depois fomos almoçar ao Saldanha e passámos o resto da tarde na nossa paróquia. Missa e depois rumo à capela do colégio "O Pelicano" que fica na Alameda atrás da Fonte Luminosa para uma Adoração do Santíssimo. Foi giríssimo apesar de hoje estar que não posso depois de ter ficado 1h30 de joelhos a rezar num genuflexório p'ra lá de duro. O padre era amoroso, falava imenso e pedia imenso pelos pobrezinhos que é o que eu acho que se deve fazer. Cheguei a casa mesmo à meia-noite à laia de Cinderela, felizmente de jipe e não de autocarro, até porque a essa hora já não o tinha. Resumo do dia: rezei p'ra lá de muito, andei pr'a lá de imenso e foi uma dia que foi uma caturreira!

Quem sou eu

Eu sou Laura Regina di Fançonny. Nasci por Lisboa e cresci em Santo António dos Cavaleiros (nessa altura chamava-me Sandra Jéssica), mas tive a sorte de um dia lavar a cabeça a um ricalhaço pouco mais velho que eu (uns 30 anos) no salão onde trabalhava. Quando dei por mim estava casada, condessa e a morar num palácio (ou palazzo que é como dizem os italianos). Eu e o Giorgio (o meu marido ligeiramente mais velho) vivemos coisas óptimas juntos. Só que eu fiquei cá para viver mais algumas e ele não. Fiquei sem Giorgio, sem dinheiro e sem palazzo, mas ainda condessa. Voltei ao subúrbio lisboeta e estas são as estórias do meu dia-a-dia.