quinta-feira, 31 de maio de 2012

Feira da Ladra

Estava eu no outro dia num 38 apinhado de gente (como sabem o autocarro é o meio de locomoção dos suburbanos) e vejo dois homens (não vou ser generosa ao ponto de os chamar senhores) com uma conversa sobre negócios, t-shirts e afins. Percebi que um deles tinha um piqueno negócio de venda de t-shirts, que as deixava em quatro lojas, mas que também as vendia ele mesmo. Aliás, segundo o próprio, ganhava mais dinheiro a vender aos amigos do que a vender nas lojas donde inferi que nunca por nunca ser vou comprar-lhe uma t-shirt, mas que ele deve ter uns amigos p'ra lá de amorosos.
O meu espanto foi quando o outro homem que falava com ele lhe diz "E venderes na feira da ladra, não?". Claro que eu achei aquilo um disparate do pior- então o fazedor de t-shirts com uns amigos tão simpáticos que até compravam as criações, provavelmente deprimentes, e com quatro lojas (talvez fossem sucursais da Santa Casa da Misericórdia) que também as vendiam, iá lá por-se a vender na Feira da Ladra. Mas eis que veio a resposta que fez com que me apercebesse que não eram só os amigos que eram p'ra lá de amorosos- ele também não tinham muito jeito para o negócio. "Feira da Ladra? Isso ainda é cedo. O negócio ainda é recente, só tem dois anos. Talvez mais tarde." Atónitos? Pois, eu também fiquei. Mas feliz por ver a importância que o povo português dá ao mercado mais tradicional do comércio tradicional. Depois triste, por ter a certeza que o negócio não lhe dura mais um ano.

Piscina

Estou a arranjar-me para ir dar um mergulho matinal na piscina da mana. Sim, também há piscinas no subúrbio sem serem as piscinas municipais. Não, não passamos o dia todo no shopping quando faz sol (bem, para ser honesta, regra geral os suburbanos passam). Sim, estou imenso a tentar encher-vos de inveja. Não, este não é o post de hoje. É só uma nota à laia de teaser.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Fabergé

Há 166 anos atrás nascia Peter Carl Fabergé que foi o senhor amoroso que inventou os ovos Fabergé. Os ovos Fabergé são uns ovos imenso giros que os czares russos ofereciam à família na Páscoa à laia de ovos kinder, mas estes eram de pedras preciosas.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Música no Coração

Estava eu no outro dia a atravessar uma passadeira na Lapa (que apesar de suburbana ainda frequento as zonas melhores da cidade) quando um jipe do tamanho duma casa quase que passa por cima de mim. Ainda mal recomposta do susto que quase me tinha levado todo o sangue azul do corpo vejo a janela do condutor a abrir e lá dentro um homem medonho de gordo e careca começa uma conversa que foi mais ou menos assim:

Ele: Aqui tens que andar pianinho. (sorridente com ar de gimbrão)
Eu: Desculpe!? (com ar de espanto enquanto me perguntava se ele estava mesmo a falar para mim)
Ele: Não 'tás lembrada de mim?
Eu: Não, desculpe, mas não. (a tremer por dentro com medo que fosse um engate de quando era cabeleireira)
Ele: Atão não te lembras, da Música no Coração?
Eu: Não (ainda atónita, porém convicta)
Ele: Mas você não trabalhou na Música no Coração? (a tentar ser educado, coitado)
Eu: Ouça, se me ouvisse cantar percebia logo que era impossível eu ter trabalhado na Música no Coração.
Ele: Peço imenso desculpa. É que é igual a uma pessoa com quem trabalhei lá. (ainda com um ar sorridente e gimbrão, mas a tentar parecer espantado)

Depois lá fechou o vidro e foi-se embora. Não sei se era conversa de engate ou não, mas confirma-se: tenho perfil de vedette!

terça-feira, 15 de maio de 2012

Avô Cantigas

Este sábado fui ver o espectáculo musical com que o avô Cantigas comemora trinta anos de carreira. Com tantos anos no activo já deve chegar para bisavô Cantigas ou mesmo trisavô que neste país mães adolescentes é vê-las por tudo o que é subúrbio, sei eu que moro num.
Estão vocês a perguntar-se que raio fui lá fazer. Pois eu fiz-me a mesma pergunta vezes e vezes sem conta durante o espetáculo, mas fui para apoiar a minha BFF.
Sala cheia de mães trintonas- classe média suburbana que acha que vestir Massimo Dutti é estar arranjadinho para estas ocasiões. Imensas crianças que é uma coisa que em geral não suporto, porque só são amorosas uns segundos, às vezes nem são, e perto dos pais são do pior, p'ra lá de mal-criadas, uma canseira. Diga-se, contudo, em abono da verdade que em geral os piquenos até se portaram bem. Certamente bem melhor que as três mães histéricas (três gordas de túnica e com madeixas pirosas) que ficaram à minha frente e que devem ter gastado a fita da cassete do avô Cantigas de tanto a passar no leitor de cassetes que era assim que se fazia na Pré-História, lá quando eram umas gordas mínimas da idade que têm agora os filhos.
No final, o avô Cantigas, que escorria mais do que cachoeira em novela brasileira, dava beijinhos e acenos às crianças como se elas tivessem doenças contagiosas e não fosse ele que fosse de contacto pouco recomendável.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Rezar

Ontem esteve um dia d'ananases que é como quem diz uma torreira desgraçada. E o que é que eu fui fazer? Rezar. Rezar faz imenso bem- limpa a alma, conforta-nos, descansa-nos e nas igrejas certas é óptimo para fazer social. Eu e o Giorgio iamos a imensas diferentes quando andávamos a viajar e conheci um disparate de gente que não 'tá escrito assim. Mas voltando ao assunto- o meu amigo M-C convidou-me para fazer uma romaria e eu achei que a ideia era óptima apesar de não fazer ideia do que era uma romaria. Acordei a uma hora medonha de cedo e lá fui eu ter com ele ao terminal do Campo Grande que equivale às portas de Lisboa para quem é suburbano. Então parece que uma romaria consiste em rezar-se um terço simples a caminho duma igreja, um completo lá na igreja e outro simples no regresso. Lá fomos nós, quais dois tolos, a pé do Campo Grande à Igreja de Nossa Senhora de Fátima na Avenida de Berna. O que vale é que a igreja é do Almada Negreiros que era um querido e fez coisas giríssimas como esta igreja, os murais da Cidade Universitária e o retrato do Pessoa que ele trabalhava imenso. Depois fomos almoçar ao Saldanha e passámos o resto da tarde na nossa paróquia. Missa e depois rumo à capela do colégio "O Pelicano" que fica na Alameda atrás da Fonte Luminosa para uma Adoração do Santíssimo. Foi giríssimo apesar de hoje estar que não posso depois de ter ficado 1h30 de joelhos a rezar num genuflexório p'ra lá de duro. O padre era amoroso, falava imenso e pedia imenso pelos pobrezinhos que é o que eu acho que se deve fazer. Cheguei a casa mesmo à meia-noite à laia de Cinderela, felizmente de jipe e não de autocarro, até porque a essa hora já não o tinha. Resumo do dia: rezei p'ra lá de muito, andei pr'a lá de imenso e foi uma dia que foi uma caturreira!

Quem sou eu

Eu sou Laura Regina di Fançonny. Nasci por Lisboa e cresci em Santo António dos Cavaleiros (nessa altura chamava-me Sandra Jéssica), mas tive a sorte de um dia lavar a cabeça a um ricalhaço pouco mais velho que eu (uns 30 anos) no salão onde trabalhava. Quando dei por mim estava casada, condessa e a morar num palácio (ou palazzo que é como dizem os italianos). Eu e o Giorgio (o meu marido ligeiramente mais velho) vivemos coisas óptimas juntos. Só que eu fiquei cá para viver mais algumas e ele não. Fiquei sem Giorgio, sem dinheiro e sem palazzo, mas ainda condessa. Voltei ao subúrbio lisboeta e estas são as estórias do meu dia-a-dia.