sexta-feira, 13 de julho de 2012

You name it, it has happened on the tube!

Já todos sabem que devido ao meu exílio suburbano tenho que me deslocar de transportes e o metro é o meu transporte de eleição para andar na cidade. Já vi as coisas mais estranhas acontecerem no metro desde os meus tempos de verdadeira suburbana, antes do Giorgio, e agora que, mesmo condessa, voltei para o subúrbio. Às vezes até sinto falta dos loucos que diziam as coisas mais caturras e hilariantes quando era ínfima e ia para o liceu. Cegos que vêem, evangelizadores de bolso, predições do fim do mundo, you name it, it has happened on the tube!
Mas Lisboa, e o seu metro, são este mar de possibilidades que jamais deixa de me surpreender. Sem contar com loucos ou pessoas curadas por milagre num segundo, todos já aproveitámos os tempos mortos do metro para as mais variadas coisas. Eu, por exemplo, que como sabem sou super católica, às vezes até rezo o terço que é sempre um exercício ascético e faz lindamente para limpar a alma e esquecer algumas pirosadas que por lá se vêem. Mas ontem, estava eu sentada no meu lugar, cheia de sono como ando sempre, a caminho da inauguração do terraço da pinky (que foi d'estalo!) e ouço um "plock" monumental a ecoar pela carruagem. A senhora à minha frente, com o máximo de descontracção, tinha acabado de descalçar os saltos altos que trazia do trabalho e tirava umas sabrinas dum saco plástico que calçou ali mesmo, qual provador de boutique suburbana. Revolucionou a minha vida naquele minuto! Quem é suburbano mas tem gosto é, como eu, adepto do day-to-night wear e entope a carteira com montes de acessórios para trocar depois. Nunca mais me enfio num qualquer toilette público para trocar de acessórios. Agora é tudo no metro. E se tiver que trocar de soutien, pois que seja!

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Marilyn

O barbeiro do meu subúrbio fez instalar na sua barbearia um poster da Marilyn Monroe. Nunca, no tempo todo que vim exilada de Itália para este fim de mundo, vi uma única mudança naquela barbearia que de tão antiga dava lindamente para ser cenário do "Conta-me como foi". 'Tou convencidíssima que isto é uma medida do Sr. P contra a crise. Primeiro, embeleza os espaço sem qualquer necessidade de chamar nem o "Querido, mudei a casa" nem o "Vizinho, mudei a loja" (embora eu confesse que adorava ter cá ou a Sofia Carvalho ou a Rita Ferro Rodrigues, ou mesmo a sorte de ser o Gustavo Santos que a barbearia é a menos dum minuto aqui de casa e era logo um convite para ele tomar chá). Depois é uma medida preventiva da crise: vai aumentar imenso a clientela porque de certeza que hão-de vir gentes doutras terras (vulgo subúrbios) para vir ver o afamado poster. Isto porque neste subúrbio é impossível aumentar mais a clientela: já tudo o que é homem vai lá. Em terceiro, acho eu, é uma medida super-preventiva contra a natalidade. 'Tá-se mesmo a ver estes homens todos doidos com o poster a ir a correr para casa fecharem-se na casa de banho e fazerem lá o que os homens fazem fechados na casa de banho com as mãos. Ficam eles felicíssimos e aliviados e ainda param de fazer bebés que o mundo hoje tá p'la hora da morta e não há maior sandice do que andar a fazer meninos. É capaz das respectivas esposas ficarem aborrecidas. Mas podem inspirar-se imenso e pedir à cabeleireira (que fica duas ruas abaixo) um visual estilo Marilyn para tirar os maridos da casa de banho e metê-los no quarto. Aí até a senhora da farmácia ficava a ganhar. E pronto- 'tão a ver como com o simples poster o Sr P dinamizou a economia local?

sábado, 7 de julho de 2012

Mãe Estremosa

Ontem foi o jantar da minha amiga Beata, recém chegada de Roma, onde consta que esteve a fazer um estágio intensivo para recuperar a virgindade. Ora a minha amiga Desocupada, que para festas está sempre pronta, lá abriu outra vez as portas de casa para mais um dos seus jantares glamorosos (sim, as pobres acabam todas com jantares oferecidos em casa da Desocupada que não, não é rica, mas adora uma celebração quase tanto como adora os amigos).
Estava eu a sair do supermercado onde tinha ido comprar umas coisinhas para levar e ouço uma senhora amorosa ao telemóvel com o filho. Fiquei com a certeza que o filho tinha problemas de audição pelo nível elevado de decibeis e que a senhora, apesar de mulata, tinha sido criada num qualquer lugarejo do norte.

"'Tou meu cabrão, tou-te a ligar desde de manhã e tu nada. Mas queres a merda do telemóvel para quê? Pode a tua mãe estar morta, ai numa merda dum canto qualquer e tu nem ligas, não é? Ai ligaste à tarde? Não atendi, pois não, que não tenho que andar de telemóvel na rua que ele pode cair e partir-se!"

Ipsis Verbis, ou quase...

Amei o carinho, o amor e sobretudo o sentido lógico desta mãe.